A ideologia diante dos fatos: Ou sobre induzir a opinião pública












A grande imprensa brasileira amanheceu coalhada de matérias antipolícia, refletindo o pontual caso em Paraisópolis --- genericamente. 

De matéria no fantástico à coluna de jornal, todos parecem já poder tomar “criticamente” um lado e descer o malhete dizendo “condeno!”; levando a indução dessa sentença ao governo num todo e, claro, a Sérgio Moro — como fez covardemente Reinaldo Azevedo em texto no UOL. 

Essa fúria antipolícia, um tanto adormecida do bolsonarismo pra cá, é mais efeito de oposição deste do que propriamente análise afastada, neutra e técnica, acerca do que aconteceu. 

Pois, os mortos — tristemente — apenas são pretextados no interior dessa busca ideológica em destituir uma tal "hegemonia em vias de se instalar", a saber, o discurso militarista de JB; e assim, prefere-se somar pontos no debate, do tipo: “veja só onde essa coisa vai dar...” a dizer-se a verdade sem induções descabidas — portanto, sem o menor interesse real, e humano, nos fatos em si e nas famílias enlutadas. Esqueçam os fatos, é o que a ideologia apregoa, de sorte que desde Nietzsche se diz: "não existem fatos apenas interpretações...".

O queijo da armadilha é Paraisópolis, porém a ratoeira em si é o processo midiático de desgaste da "mentalidade" (diriam da "ignorância dos eleitores"), e principalmente do apoio, que elegeu Bolsonaro — e que propulsiona o recrudescimento da aplicação da lei e das ações policiais, que de janeiro até hoje, derrubaram em no mínimo 15% o número de homicídios no Brasil. 

Defender o lado pseudo-jornalístico do que se vê na TV ou se lê na Folha, é interditar o sucesso de uma política criminal --- que aliás nem começou direito --- e dos quais possíveis erros deverão ser, na medida em que existirem, checados e corrigidos com rigor (inclusive em Paraisópolis) — muito diferente do que está a tentar-se fazer, queimando uma política pública exitosa a partir de um ponto sem nenhuma correlação causal. Como a culpar o sorvete pela gripe fechando os olhos para o real causador; em suma, vigarice. 


Gabriel Leal 

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